Quando é necessário desligar um funcionário, ainda existe uma certa frieza na comunicação e na saída. Podemos citar um exemplo que foi amplamente visto no LinkedIn: um profissional com 30 anos de casa foi demitido em 3 minutos, de forma fria e estéril. Um tratamento desumano, que transforma as contribuições dessa pessoa durante o período em pó e pode mexer bastante com as emoções, é exatamente o que não se deve fazer.

Por isso, listamos aqui uma série de situações onde a empresa fez desligamentos pensados, planejados e voltados para o lado humano, onde o impacto negativo é bastante mitigado e as pessoas desligadas foram respeitadas.

– Em uma empresa de tecnologia de hospedagem, foi preciso cortar 1/4 do pessoal, e o próprio fundador e CEO enviou uma carta aos colaboradores, informando sobre a redução do quadro de funcionários, explicando as razões das demissões, com carinho e cuidado. Na hora de demitir, todos os escolhidos foram contatados individualmente, e tiveram seus planos de saúde mantidos por mais alguns meses, ganharam seus notebooks como doação, receberam cartas de recomendação e outros benefícios.

– Uma reconhecida fintech chegou num ponto onde precisava cortar 20% de seu pessoal. Para minimizar os danos, a empresa foi bastante precisa: fez uma conferência virtual com todos os colaboradores, informando sobre a decisão tomada, e contatou cada uma das pessoas escolhidas individualmente. Comunicou no LinkedIn os benefícios oferecidos aos saintes: plano de saúde por quatro meses, vale alimentação por três meses, doação de computadores e celulares da empresa, carta de recomendação, conta LinkedIn Premium, parcerias com empresas que estavam contratando – OLX e Loft na ocasião – e por fim, apoio financeiro proporcional ao tempo de casa.

– Uma startup de conteúdo reduziu 20% do seu quadro de funcionários, em função da crise provocada pelo COVID-19, o próprio CEO da empresa postou no Medium um pedido de desculpas e assumiu a responsabilidade pessoal pela decisão dos cortes. A empresa estendeu os planos de saúde por mais seis meses, indenização proporcional ao tempo de casa, workshops e sessões de coaching para que os saintes possam melhorar seus currículos; treinamentos em parceria com a Hotmart, acesso vitalício á Rock University (a central de cursos online própria), e ainda divulgou uma lista com os perfis e área dos profissionais desligados numa campanha de promoção do seu pessoal com a hashtag #hirearocker.

Podemos notar um padrão: a empresa toda é notificada pelo mais alto executivo, há um comprometimento em ter uma comunicação clara e direta, sem espaços para rumores e boatos; houve uma comunicação pessoal e não um corte direto e impessoal, de forma que cada pessoa foi abordada individualmente e respeitando seu tempo de casa e as informações sigilosas que uma demissão envolve. E em todas elas, houve um apoio estendido aos saintes, das mais variadas formas, onde a empresa busca, dessa forma, amenizar os impactos de uma saída. Veja, os direitos foram atendidos e os valores rescisórios foram pagos, só que mais do que isso, houve uma preocupação com o depois.

A extensão de benefícios é totalmente opcional, porém crucial na hora de mitigar um detrator da empresa e se não silenciá-lo, convertê-lo em advogado da marca. Garante à pessoa um período entre empregos menos atribulado e oferece um respiro no meio de um tempo de incertezas. É o employer branding em ação e fazendo muito bem o seu trabalho.

Uma demissão humanizada é quando o desligamento é pensado no lado da pessoa demitida, e não na empresa que precisa tomar atitudes para sobreviver. Mesmo que não se ofereça benefícios estendidos, a questão é a abordagem, a atitude e o pensamento que vão guiar todo o processo demissional: e se fosse comigo, como eu gostaria que fosse feito? O nome disso é empatia.